Passei um tempo a mais vivendo, descobrindo, reaprendendo, me
conhecendo, me decidindo, me re (construindo) na tentativa de viver... E
quando decidi viver de fato, vi que o que eu sabia sobre a definição do
que era vida não chegara nem na metade do que a vida tinha para mostrar,
para ensinar. Foi ai que aprendi mais uma vez...
Só que desta vez aprendi
sobre mim, alias aprendi não, me entendi. Não que agora eu já não tenha
duvida até porque sem duvidar não teria a menor graça, não existiria
“tentar”, porém hoje me julgo mais presente em minha própria vida, mas
completa, com um pouco mais de mim. Dei lugar a novos pensamentos, a
novas pessoas, a novos sentimentos, passei a valorizar ainda mais laços
antigos que ainda são tão importantes, e passei a me querer bem ainda
mais, desfiz muros, derrubei conceitos, fiz algumas pessoas engolirem
suas opiniões para si próprias, escutei aquilo que eu sabia que me faria
repensar e evoluir, olhei para trás, mas somente para ver o quão longe
eu já cheguei desde que decidi dar o primeiro passo para um novo
destino. E agora vivendo, vejo que quando estou só, não estou sozinha,
estou comigo. Vejo que estar rodeada de tanta gente não é estar
acompanhada, ser seletiva com aqueles que andam ao meu lado não é perder
a chance de conhecer novas pessoas, mas sim é prestar atenção naqueles
que merecem meu sorriso e afastar os que querem minhas lagrimas. Chorar
não significa que eu não seja forte, é só um modo de deixar sair o que
ta me sufocando e tomar impulso para continuar. Eu percebi que minhas
escolhas nem sempre vão agradar as pessoas que amo, mas que é preciso
ter coragem para escolher o que for o melhor pra mim. Vi que crescer
causa dor, mas vale apena. Quando se está “crescendo” deixar coisas para
trás é inevitável, uma vez que, somente assim se pode obter espaço pra
atribuir ao crescimento novas chances. Eu vi que guardar palavras às
vezes trás um fardo enorme, e muitas vezes não guardá-las traz um
pouquinho de dor, porque as palavras que se diz também ferem tanto
quanto atitude, também traz esperanças de retribuimento do outro, dizer
também traz silencio, assim como também pode trazer felicidade para si
por ter finalmente dito e para o outro por finalmente ter escutado, pode
trazer paz de espírito por agora saber que desta vez não ficará
pensando em como seria se tivesse dito, traz tranqüilidade porque agora
sabe que passou adiante como está se sentindo. Eu vi que mudar não é
fácil, mas que permanecer na mesmice é ainda pior. Vi que há coisas
pelas quais não vale sofrer, pelas quais não vale apena se importar . Vi
que quando a escolha é esperar, tem que ter paciência. Que quando a
escolha é confiar, tem que se correr o risco. Vi que quando alguém abre
espaço para se deixar conhecer, tem que haver cuidado porque a vida não é
um jogo em que se da game over ou reinicia que nem computador, a vida é
uma continuação, e o hoje influencia daqui a dez anos se necessário. Vi
que não era preciso anos ou meses para sentir. Vi que quando menos se
espera a mudança acontece, vi que nem tudo aquilo que eu disse querer
era o melhor, nem tudo aquilo que eu tinha era o que queria. Notei que
uma hora, até mesmo anos que se passaram não tem mais sentido. Vi que
permanecer quando a vontade é ir é frustrante. Vi que dizer a verdade
pode até não ser bem aceito por alguns, mas trás uma alivio imenso, vi
que não usar uma mascara diminui e muito os riscos de ser infeliz. Sei
que mesmo perdendo um pouco o equilíbrio me mantive de pé, e é claro que
isto irritou muitos, mas fazer o que, tem gente que não consegue deixar
ninguém viver. Vi que pessoas que passaram anos ao meu lado me
elogiando, vieram jogar pedras quando eu menos esperei, vi arrancarem
de mim alicerces importantes, vi tentarem destruir a amizade mais pura e
verdadeira que eu construí, mas vi também que era neste momento a hora
de mostrar que a menina que eles achavam que ia ficar chorando pelos
cantos tinha um belo sorriso para mostrar, tinha um modo de driblar os
problemas e ser uma mulher com uma auto confiança inabalável.
E
foi assim, tentando viver eu vivi e estou vivendo, foi procurando quem
sou que me entendi, foi tendo coragem que escolhi, foi me
desequilibrando que agüentei ficar de pé.
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